Para o presidente do Sindicato dos Servidores da Administração Penitenciária de Mato Grosso do Sul (Sinsap), André Luiz Santiago, a situação da descoberta do túnel do presídio de Segurança Máxima de Campo Grande é o reflexo do caos que o sistema está vivendo. “O Sistema prisional vive um momento crítico e essa tentativa de fuga não é nada mais que o reflexo disso. É inadmissível o Estado ficar inerte ao fato de ter 957 detentos em um pavilhão e apenas dois agentes”, enfatizou o presidente.

Santiago ressalta ainda que mesmo com a precariedade de profissionais e de equipamentos, os agentes vêm desenvolvendo um trabalho de qualidade. “A descoberta do túnel é um exemplo que mesmo com a precariedade de profissionais e sem equipamentos necessários, servidores conseguem realizar um trabalho de excelência e que muitas vezes não é reconhecido”, afirma.

O presidente do Sinsap - MS falou sobre a existência da resolução que dita o quantitativo de presos por agentes. “A organização das Nações Unidas (ONU), da qual o Brasil participa, determina que a proporção ideal é que haja um agente para cada três detentos. E nessa mesma linha, a resolução número um do Conselho Nacional de Polícia Criminal e Penitenciária (CNPCP), de março de 2009, recomenda a proporção mínima de cinco presos por agente penitenciário, o que está bem distante da nossa realidade”, explicou Santiago.

André disse ainda que o não cumprimento da resolução estabelecida pelo Conselho Nacional de Polícia Criminal e Penitenciária, afeta diretamente a segurança nos presídios. “Em Mato Grosso do Sul a situação é bem diferente da idealizada. Atualmente no Estado a média é que cada agente é responsável por cerca de 100 detentos, e em alguns casos como, por exemplo, o presídio de Segurança Máxima este número ainda é maior, o que acaba prejudicando o trabalho dos servidores e muitas vezes colocando a vida deles em risco”, relatou Santiago.

Ele ressalta ainda que o trabalho do servidor é complexo e precisa ser levado á sério. “ O agente tem um papel fundamental na ressocialização do preso e que muitas vezes é prejudicado pela falta de profissionais e equipamentos o que reflete diretamente na qualidade da segurança”, afirma o presidente do Sinsap- MS.