Com caneta e apito, agentes penitenciários viram reféns de presidiários

Com condições precárias de trabalho e alta demanda além da insegurança, o Sinsap (Sindicato dos Servidores da Administração Penitenciária) reivindica do Estado, o aumento no quadro efetivo, além do adicional noturno e o porte de arma.

De acordo com o presidente do Sindicato, André Luiz Garcia Santiago, eles pedem o reforço de policiamento, aquisição de equipamentos para facilitar o trabalho dos agentes, também cobram do governo a restruturação das entradas de várias unidades, que se encontra com estruturas inadequadas.

“O governo passado aumentou 53% do número de vagas, mas não pensou na capacitação e na estruturação de equipamentos. O sistema está em crise por conta disso”, afirma Santiago.

As vitorias nos presídios da Capital são realizadas pelos próprios agentes penitenciários, já a PM presta o serviço de suporte para os agentes.  Cada plantão conta com dez agentes penitenciários para cuidar de aproximadamente 2.218 presos, o que significa que cada agente é responsável por 221,8 presos, o número é insuficiente, o sindicato cobra do Estado abertura de novos concursos e pede entrega de equipamentos de trabalho.

A ineficiência do sistema permite que presidiários vivam de acordo com suas próprias regras dentro das penitenciárias, e desfrutem de "privilégios" similares aos de sua vida em liberdade.

Para se ter ideia do quanto o sistema penitenciário no Estado é falho, na última segunda-feira foram realizadas vistorias no Presídio Estadual, de segurança máxima. Apenas no Pavilhão 1, que possui cerca de 900 presos, a ação resultou na apreensão de 48 celulares, 1 balança de precisão (o que serve para medir a quantidade de droga), 14 carregadores de celulares, 102 gramas de maconha, 278 gramas de cocaína, 114 gramas de pasta base.

No Pavilhão 2 não foi diferente. Com 850 presos detentos, os agentes encontraram nas celas: 79 celulares, 60 chips, 55 carregadores de aparelho celulares, 4 cabos de USB, 2 cartões de memória, 4 fones de ouvido, 1 balança de precisão, 121 gramas de cocaína, 294 gramas de pasta base, 1, 3kg de maconha, 640 gramas de droga não identificada. 

No Estado são 54 unidades penais, 45 são em regime fechado. A maioria delas está em situação crítica, o que tem dificulta os trabalhos dos servidores. Ao todo são 1.440 agentes trabalhando no setor admirativo e 960 fazem a segurança de custódia.

De acordo com Sindicato, a resolução do Conasp (Conselho Nacional de Segurança Pública) decreta que para cinco presos, exista um agente. A ONU sugere que a cada três presos existam um agente cuidando deles.

Apito e Caneta

Os agentes trabalham com apito e uma caneta e sem colete a prova de balas, não por indisciplinas, mas por ausência do equipamento, segundo presidente do sindicato, e por isso muitas vezes acabam se tornando alvos dos bandidos, que, mesmo presos, possuem acesso a armas com mais facilidade que um agente.

Por isso, o Sindicato cobra do Estado, mais concursos e melhores condições de trabalho. “Entendemos que tem a questão do tempo, mas estamos pedindo concurso em questão emergencial, a situação é critica nos presídios do estado”, comenta Santiago.

Segundo Santiago, outra reivindicação da categoria, é a compra de equipamentos, coletes a prova de bala, detectores de metais. A falta de materiais e condições de trabalhos estão entre as principais reclamações dos servidores.

“Todo o sistema está condenado, já passamos para o governador, não estamos percebendo uma ação do governo. Na última reunião nos disseram que não há dinheiro”, enfatiza o presidente.

Reunião

O Sinsap (Sindicato dos Servidores da Administração Penitenciária) vai promover amanhã uma assembleia para discutir as condições de trabalhos e as ações para este ano. 

Na reunião está em pauta a questão de criação de quadro, correção dos artigos que prejudicam os servidores, além de cobrança de porte de arma, adicional noturno e salubridade.

Mato Grosso do Sul foi o primeiro a decretar nível superior em concurso público para agente. Após a Assembleia as reivindicações devem ser encaminhadas ao governo do Estado.  “Queremos gerenciamento de crise, reposição salarial.”, finaliza Santiago.

 fonte: MS Noticias

Fonte: MS Noticias


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