A agente penitenciária, neste 8
de março, Dia Internacional da Mulher, não é muito diferente de qualquer outra
mulher. Jornada tripla, preconceito, medo e insegurança são algumas das
realidades do dia a dia de quem é estudante, empresária ou servidora pública.
Para a agente penitenciária Terezinha Bortolotto, o sentimento é de gratidão. “Eu
me sinto grata por ser útil para sociedade, embora ela desconheça ou não
atribua valor algum para minha profissão.”
Aos 48 anos, casada há 29 e com
dois filhos, Terezinha iniciou a carreira, em 2005, por questões financeiras,
mas com o tempo aprendeu a amar a profissão. “Todo dia é um novo desafio.” Já para a
Maria de Fátima de Souza Moreno, agente há 23 anos, mãe de três filhos e avó de
dois netos, a carreira exige resiliência. “A profissão está em constante
conflito: o abandono governamental, unidades superlotadas, número insuficiente
de servidores, trabalho excessivo, péssimos salários e nenhum programa de
apoio.”
Terezinha acredita que a solução
existe, principalmente, para os problemas simples. “Sinto ainda preconceito com
a atuação da mulher em presídios masculinos, mulher só pode ser agente de
portaria. Não tem mulher como chefe de equipe ou em setores importantes da
carreira nas unidades prisionais masculinas. Na lei não há impedimento, na
prática, sim.”
Para Fátima, a mulher têm tido
mais visibilidade com o passar dos anos. “Era um campo explorado apenas por
homens, agora as mulheres têm também ascensão aos cargos.”
A vida da servidora que trabalha
em uma unidade penal e que divide seu tempo em casa, com a família, também
exige abnegação. “Já tive muitos momentos de medo, de insatisfação, de
ausências por estar trabalhando no dia em que meus filhos, esposo estavam de
aniversário e festas de fim de ano”, comenta Terezinha.
Fátima procura manter o otimismo
e se diz idealista, “mas pé no chão”. Ela enfrenta a jornada – servidora, mãe,
dona de casa – atenta à saúde física e mental. “Procuro fazer atividade física
e manter uma alimentação saudável. São hábitos que nem todos têm, mas são
necessários.”
Uma das dificuldades da
profissão, para Fátima, é conseguir separar o trabalho do emocional. “Já
acompanhei casos verídicos de internos que mexeram com o meu emocional, mas
procuro sempre não deixar ultrapassar a barreira da legalidade e da minha
integridade mental.”
Fátima vê muita beleza na
servidora do Sistema Penitenciário. “Eu sei que suas rotinas são árduas, têm
que cuidar da casa, administrar a tripla jornada, mas sempre encontram tempo
para passar um batom, ensinar alguém fazer alguma coisa, mesmo que internamente
esteja em frangalhos.”
Dia 8 de março
A data mundialmente conhecida
como o Dia Internacional da Mulher remete a um momento da história, de 1909 a
1917, onde várias lutas foram lideradas por mulheres, em diferentes partes do
mundo. O incêndio no Asch Building, no dia 25 de março de 1911, em Nova York,
que matou 129 mulheres, é uma tragédia que faz parte dessa época.
De 1911 a 1914, a data foi
celebrada em diferentes dias do mês de março. O dia 8 de março foi consagrado apenas
em 1917, com a deflagração da greve das tecelãs de São Petersburgo que
impulsionou a Revolução Russa. ONU e Unesco levaram mais de 50 anos para
reconhecer a data e que só foi possível pela pressão e insistência dos
movimentos feministas.
Os três pisos da Triangle
Shirtwaist Company eram ocupados por 260 trabalhadores e 240 máquinas de
costura amontoadas. A fábrica não respeitava princípios básicos de segurança e
havia sido notificada diversas vezes pelo Departamento de Construção sobre as
perigosas condições do prédio.
No incêndio, morreram 146
trabalhadores, dos quais 17 eram homens e 129 eram mulheres e meninas – 90
delas se jogaram pelas janelas do prédio. A maioria das jovens era imigrante,
tinha entre 16 a 24 anos e trabalhava em condições desumanas. Seus salários
equivaliam a um terço do recebido pelos homens, enfrentavam jornadas de
trabalho extenuantes e não tinham condições mínimas de segurança. (Fonte: Às
que vieram antes de nós: histórias do Dia Internacional das Mulheres)
GALERIA
Assembleia e mobilização
VÍDEOS
ENQUETE